domingo, 10 de fevereiro de 2013

Brunocos entrevista: João Barone (Paralamas)

João Alberto Barone Reis e Silva nasceu no dia 5 de agosto de 1962, no Rio de Janeiro.
É baterista dos Paralamas do Sucesso, com Bi Ribeiro e Herbert Vianna. Torcedor fanático do Fluminense. Considerado um dos melhores bateristas do Brasil, senão o melhor. Como diz Herbert Vianna: "As baquetas mais velozes da América Latina".
Com vocês: João Barone


Em que momento da sua vida você pensou em ser músico? E porque escolheu tocar bateria?
Foi um desses relances de criança, meu irmão estava ensaiando com sua banda de escola na garagem lá de casa, em '1970 e poucos'. Eu já gostava de rock, especialmente Beatles, aí na hora do lanche, subi na bateria e toquei a batida de Ticket to Ride, do filme Help… daí pra ser reconhecido como baterista na minha escola, foi um pulo. Levei anos até conseguir uma bateria velha que o diretor da escola local me autorizou usar, reformada com peles de couro natural mesmo, era uma beleza! Ainda não tinha nem tocado junto com outros amigos que tinham guitarra e baixo, mas em pouco tempo conseguimos dar umas canjas no intervalo da banda de baile, nos shows para os universitários no clube local, era na Universidade Rural, zona Oeste do Rio, onde morei até conhecer Bi e Herbert, naquela antológica ocasião do festival de música, que todos conhecem a história…

Quais foram suas maiores influências?
Cresci num ambiente mais ou menos assim: ouvia Beatles direto. Ringo, Ringo e Ringo. Mas depois vieram Bonham, ouvia muito Jethro Tull, que tinha um baterista muito bom (Clive Bunker), Aqualung ouvi até furar. Mas sempre ouvia muito jazz tradicional e gostava muito do Take Five, Joe Morello... era um show. Meu pai tinha discos de sambas do bom: Cartola, Clementina, Moreira da Silva, Vinícius. Na rádio, tinha um programa chamado 60 minutos de musica contemporânea, na JB AM, era apresentado pelo Sérgio Chapellin. Tocava tudo do rock novo, especialmente, progressivo: Yes, Premiatta Forneria Marconi, Genesis, Focus, Emerson Lake and Palmer, etc. Tinha o programa do Big Boy também, era Beatles e muita música negra legal, James Brown e funk original do bom. Via muito na tv o Zimbo Trio tocando nos programas do Flávio Cavalcanti, Airton e Lolita… (risos). Depois ouvia muito Jovem Guarda, Os Incríveis, Caetano, Gil, na fase dos festivais, e Mutantes, claro. Quando veio a fase dos clips, tinha um programa, Som Pop, que era da Tv Cultura de São Paulo, que passava na TV educativa do Rio nos domingos de tarde, no fim dos anos 70. Era a melhor coisa que tinha na tv para se atualizar quanto ao rock. Foi aí que vi o Police e tudo mudou. Mas meus amigos na época nem curtiam muito, estávamos numa ressaca sentimental com a morte do Lennon. Então conheci Bi e Herbert em 81, só começamos a tocar mesmo no final de 82…

O primeiro baterista dos Paralamas foi o Vital, que não durou muito. Como você acabou entrando pra banda?
Vital era um baterista-amigo da turma do fundo do pré-vestibular do Bi e Herbert. Tocou pouco tempo com eles e estava na hora em que Bi inventou o nome da banda. Eles tinham uma meia dúzia de amigos que funcionavam de "platéia", micro-público, para os ensaios na Vovó Ondina (avó do Bi), no apê dela em Copacabana. Mas eles nunca se apresentaram em público, era tudo uma brincadeira. Até o dia em que a gente se conheceu, em 81, no tal festival de música na Universidade Rural, onde o Bi cursava Zootecnia e eu, biologia. Ele inscreveu algumas música, entre elas, Vital e sua moto, mas não foram escolhidas. Ele insistiu e conseguiu que a banda se apresentasse "hors concours" (fora da competição), mas o Vital não apareceu, o Herbert chegou para a apresentação sem ele. Um amigo meu que era amigo do Bi foi na minha casa me chamar pra tocar com eles. Ficamos conversando antes de subir no palco. Foi muito divertido, as músicas eram "rockinhos" simples, tinha uma chamada Mandingas de amor, dois amigos do Bi - Naldo e Ronel- cantavam (risos). O Herbert só estraçalhava na guitarra. Quebrou umas três cordas na hora, tivemos que parar na segunda música, o pessoal esperando o resultado da dupla de violão e voz que ganhou o festival… um caos! Mas gostaram dos Paralamas! (risos)

Você participou de um período riquíssimo pra cultura brasileira, que foi a década de 80. O que essa geração significou pra você e como era estar nesse meio?
Nós estávamos muito dentro e muito calouros para ter essa dimensão. Agora podemos ver com um certo distanciamento histórico. Mas não éramos assim tão focados. Nosso ideal era tocar no Western, uma espelunca que tinha aqui no Rio, mandar a demo pra Rádio Fluminense Maldita, depois tocar no Circo Voador, abrindo para o Lulu Santos, que dava a maior força pra gente. Quando conseguimos isso tudo, nem sabíamos para onde ir, até a hora em que assinamos o contrato com a Odeon, no começo de 83. Fizemos prova para carteira de músico na Ordem dos Músicos junto com o Kid Abelha, que conhecemos ali na ocasião. A turma de Brasília, especialmente o Renato Russo, ainda eram ilustres desconhecidos. Queríamos era questionar o modelo vigente dos medalhões da MPB, com suas coberturas em São Conrado e Mercedes brancas que ganhavam das gravadoras. Foi aí que veio a revolução da Blitz, do Circo, do punk paulísta... pegamos uma marola boa nessa época.

Em algumas entrevistas, o Lobão fala sobre uma certa "perseguição musical" dos Paralamas, que vocês sempre o copiavam... Isso faz sentido ou é paranoia dele?
O que ele não fala é que todas as músicas que ele acusa de plágio já tinham sido gravadas por nós antes dele, no começo da banda. Eu adorava Cena de Cinema, Os Ronaldos, depois ele ficou muito desinteressante. Pra plagiar tem que ter coisas boas (risos). Acho que agora que ele virou escritor de sucesso, vai se acalmar. A minha explicação, de quem estava de fora e viu tudo, é que todos os "amigos" da geração dele - Ritchie, Lulu, Evandro Mesquita, Marina entre outros - faziam sucesso e ele não, por isso o recalque. Então devia pensar: "Epa! Esse guri com cara de nerd (Herbert) não pode fazer mais sucesso que eu, não!". Aí escolheu o Herbert pra judas. Mas ele sempre falou que só fala mal de quem ele gosta, haja visto o Caetano, que até fez música pra ele.

Sei que você é apaixonado por tudo que envolve a Segunda Guerra Mundial. De onde vem esse fascínio pelo tema?
Meu pai foi pra guerra. Eu redescobri essa história que era muito comum dentro da minha casa, ampliei e aprofundei o tema. Estou lançando meu segundo livro (1942 - O Brasil e sua Guerra Quase Desconhecida) e produzindo meu segundo documentário (O Caminho dos Heróis) sobre o Brasil na guerra. Adoro o assunto, tenho um núcleo de projetos com meu irmão. Em breve vamos produzir uma mini série. Vai ser top mesmo, como nunca se viu por aqui.

Atualmente os Paralamas estão com a turnê 'Brasil Afora', certo? Vão continuar com esse show em 2013 ou vem coisa nova por aí? Disco novo?
Estamos preparando a turnê dos 30 anos. Vai começar em maio, junho. São trinta anos sem parar. O Toni Platão, meu chapa, costuma dizer: "Vocês tocaram no primeiro Rock in Rio e, de lá pra cá, nunca mais pararam!". É verdade! Nem sentimos o tempo passar. Vamos tentar aprontar algo inédito para a turnê, quem sabe?

Nos Paralamas, como é o processo de criação? Todos participam ou vocês trabalham nas ideias do Herbert?
Herbert é nosso mestre. Atualmente, ajudamos no processo de separar o que ele já escreveu, das músicas que ele já fez. Algumas vezes fazemos alguma coisa juntos. Mas ele escreve tudo. Experimentamos um pouco, gravamos os ensaios e fazemos um "teste do dia seguinte" pra ver se ficou bom. Quando sentimos firmeza, gravamos um álbum.

Como você analisa o mercado musical hoje no Brasil?
Incrível ter artistas que ainda conseguem vender tanto cd. Não tinha morrido o mercado? Ao mesmo tempo, achei muito curioso o Ai se eu te pego no topo das mais baixadas pagas, no iTunes. Estão fazendo questão de comprar música popular, não apenas baixar de graça e trocar arquivo. Bom sinal. Tem espaço para vender música na web, sem atentar contra a liberdade cibernética. Mas o mercado estreitou muito mesmo. Só os muito populares ainda vendem. Pega Seu Jorge, Paula Fernandes… sertanejo, pagode. Olhando assim ao redor, o segmento do rock encolheu, parece que a gente (Os Paralamas) vem de outro planeta. Nossa salvação é saber que muita gente gosta do nosso show, não tem show pirata dos Paralamas, né? (risos)

E o que acha do atual cenário da música? O que lhe agrada dessa nova geração?
Não gostamos de falar do que a gente não gosta. Tem muita coisa boa surgindo na cena do rock, algumas outras que estão aí faz tempo, como o Siba, Lucas Santana, Pitty, que ainda parecem novidade. A produção musical se democratizou muito. Hoje todo mundo grava seu álbum, põe em clip no Youtube, tem muita coisa boa sendo feita.

Seu conselho pra turma que deseja viver de música no nosso país...
Ok, baixou o Danilo Gentili pra quebrar o gelo… Fazer um curso de sobrevivência na selva ajuda! (risos). É bom que se for viver de música, assim a pessoa pode emagrecer sem fazer dieta (risos). Pensando bem, faça uma dupla sertaneja ou entre pra uma banda gospel, isso é certeiro! Mas aí não é música, né?!! (risos). Calma gente, brincadeira! Agora sério, pode parecer piegas, mas apenas siga seu coração. Quem quer viver de música tem que se entregar mesmo. Dinheiro e fama não entram nessa entrega, é apenas sorte. Pode aparecer – ou não - no final do processo. Pensar nisso antes, atrapalha e não leva a lugar nenhum.

Para o João Barone, a vida é... (?)
Uma jornada onde o principal é o caminho, não a chegada.

Um comentário:

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