sábado, 23 de março de 2013

Brunocos entrevista: Clemente Nascimento

Clemente Tadeu Nascimento é considerado um dos pioneiros do punk rock brasileiro.
Em 1981 formou a banda Inocentes, na ativa até hoje. Em paralelo toca guitarra e canta na banda Plebe Rude. Também é apresentador e diretor artístico do programa Showlivre.com.
Confira a entrevista com Clemente - The punk man!


Qual foi a sua maior influência do cenário punk?
Cara, na verdade minhas maiores influências vem do pré-punk: Iggy Pop e os Stooges, MC5, Antônio Bivar, Douglas Viscaíno do Restos de Nada, sei lá, quando o punk chegou eu já estava pronto, mas a influência dos amigos da Vila Carolina foi determinante.

O disco Miséria e Fome (1983), teve 10, das 13 músicas, censuradas. Como foi enfrentar isso logo no primeiro trabalho?
Na verdade nossa reação foi normal. Vivíamos a ditadura militar e isso fazia parte. Seria engraçado se não censurassem nenhuma, a gente teria alguma coisa errada né? Uma banda punk sem nenhuma letra censurada pelo governo militar, seria uma anomalia, rsrsrs. Na verdade censuraram todas, eu dei um "jeitinho" nas letras e conseguimos liberar três, aí lançamos um compacto triplo.

Em 1986, os Inocentes assinaram com a Warner. Como surgiu esse contrato com uma das maiores gravadoras do país?
Nessa época já estávamos fora da cena punk mais radical. Resolvemos seguir um caminho independente. Foi assim com todo mundo, o pessoal do Ratos de Porão foi tocar com o pessoal do Metal, nós fomos pro Rock Paulista, o Cólera deu um tempo e o Redson montou o Rosa Luxemburgo, ou seja, ninguém queria tocar pra aqueles caras que só queria saber de treta e briga de gangue, tanto é que o movimento deu uma arrefecida até vir uma geração que está preocupada com música e atitude.

O início dos anos 90 foi um período turbulento para o rock brasileiro. Como você encarou essa época?
Essa época foi horrível, cheia de bandas covers, ninguém queria saber das bandas da década de 80, aí surgiu uma cena nova calcada na MTV. Fomos voltar a ter sintonia no meio da década de 90, quando a banda chegou a essa formação que dura até hoje: Nonô na Batera, Anselmo Monstro no baixo, Ronaldo na guitarra e eu, aí conseguimos uma unidade sonora e de ideias novamente e os shows ficaram porrada e os discos também.

Falando um pouco sobre o cenário musical hoje no Brasil, como você vê o rock?
Acho que o rock vai bem, nunca se produziu tanto e com tanta qualidade. O problema é que não temos uma industria alternativa como lá fora, que faça com que as bandas consigam sobreviver sendo independentes, salvo algumas exceções, acho que é o detalhe que falta. Eu não me incomodo com as bandas que estão no mainstream, pois essas bandas sempre foram ruins, não sei porque se reclama tanto rsrsrsrs


Clemente em show da Plebe Rude no festival Lollapalooza 2012
















Atualmente você toca com os Inocentes e também com a Plebe Rude. Como aconteceu sua entrada na Plebe?
Cara, foi uma coisa super espontânea. O convite partiu do Philippe (Seabra). Fomos tocar no Kazebre, era um tributo ao Clash inventado pelo Mingau do Ultraje. Fazia uns 20 anos que não tocávamos juntos, bateu uma vibe legal e ele resolveu me convidar, e como eu gosto da Plebe fui na hora.

E os projetos pro futuro?
Nesse momento estamos terminando o novo trabalho do Inocentes um EP com 4 músicas para sair até maio ou junho. A Plebe também está preparando material novo, vai ser porradaria no final de ano rsrsrs.

Da sua discografia, qual é o disco mais representativo pra você?
Eu gosto muito do Adeus Carne que é de 1987 e saiu pela Warner, e o Embalado a Vácuo de 2000. São dois discos muito bons. Na verdade gosto de todos pois cada um representa um momento na minha vida, mas se é para escolher um ou dois...

O que você deixa aí pra moçada que quer viver de música?
DESISTAM!!! Hahaha! Brincadeira, tem que fazer o que está afim de fazer sem se preocupar com mercado e coisa e tal, pois quando se preocupa muito com isso a qualidade das músicas vai pro saco.

Pra terminar: Para o Clemente, a vida é... (?)
A vida é uma piada, de mau gosto, mas é uma piada, tem coisas que não dá pra acreditar, mas é isso "Vida Longa e Morte Súbita!"

Valeu Clemente. Como fã, me sinto honrado por esta entrevista. Sucesso a você. Abraço!
Vamos nessa! Eu é que agradeço pelo espaço. Abraços!


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